Aspectos da História e do Processo de Educação Ambiental no Mundo Ocidental.
Problemas ambientais aparecem nas mais diversas formas e
lugares. No caso da Baixada Santista, a demanda do mercado imobiliário gera uma
verticalização da cidade, com a construção de inúmeros prédios, e consequentes
impactos, como a poluição atmosférica pelas barreiras que esses empreendimentos
oferecem e ilhas de calor. Contudo, há uma preocupação ambiental relacionada a
questões assim, preocupação essa que não é recente. Foi proposto em “O cenário
da pesquisa no diálogo Ecológico – Educativo”, que é preciso voltar os olhares
para momentos anteriores ao tomado como o início do movimento ambientalista. Deve-se
pensar a partir do início da globalização e do pensamento desenvolvimentista,
que seria confrontado por movimentos contra - cultura e suas bandeiras
“verdes”, dando origem ao pensamento ambientalista.
Muitas visões afirmam que a globalização teve seu início na
época da colonização, com o comércio de produtos e a troca de mercadorias.
Essas tinham seu valor em função da matéria-prima, da disponibilidade,
abundância ou de sua ausência, logo, quanto mais rara ou escassa, mais cara ela
era.
No século XIX, com o surgimento da automatização, o tempo
ganha um grande valor e o Homem torna-se seu escravo, passando a acompanhar o
ritmo da empresa, tal como Chaplin em seus “Tempos Modernos”. É nessa época que
surge o cronômetro, o objeto que vai contabilizar o tempo de trabalho. E até aqui,
ainda não há preocupação com a questão ambiental. Refletindo na atualidade, com esse tempo, o ritmo
passa a ser tão intenso que, muitas vezes , adquirem-se doenças como pressão
alta, estresse, entre outras.
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O artista Charles Chaplin estrelando seu famoso filme "Tempos Modernos" , no qual ele busca sobreviver em meio a industrialização e o mundo moderno. |
Em 1872, os Estados Unidos criam espaços livres para os trabalhadores aproveitarem o seu momento de "descanso", pois agora, vive-se em função de dois
tempos, o de trabalho e o de não trabalho. Surge assim o Parque Yellowstone. Paralelo a isso, reações culturais de vanguarda emergem, exemplificadas
pelo cubismo, o surrealismo, o expressionismo e outros, inserindo novas ideias, muitas vezes contrárias ao pensamento vigente na época.
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Em Londres, o uso das cartolas tornaram-se comuns, apresentando um formato que lembra as chaminés das fábricas. |
O lucro do café é o responsável para o início da
industrialização no Brasil no início do século XX, pois até então, o país era muito
ruralista e sem tecnologia; a referida industrialização faz crescer a burguesia
brasileira, culturalmente enfrentada por um grupo de artistas que viveram alguns
anos na Europa, criadores da Semana da Arte Moderna. A Semana de 22, como
também é conhecida, vai integrar a cultura brasileira com elementos da natureza
e ser uma contra cultura em vários âmbitos, na música, na pintura, na
literatura. É fácil perceber estes aspectos nas obras de Tarsila do Amaral e
Portinari. Em 1937, Getúlio Vargas funda o parque Nacional de Itatiaia se
espelhando no Yellowstone.
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Algumas das obras de Tarsila do Amaral, uma dos tantos artistas representantes da Semana de 22. |
A importância do meio ambiente começa a surgir diante de
acontecimentos como a bomba atômica em 1945, que mostrou a capacidade de
destruição total do ambiente. Casas em periferia, automóveis e outros inúmeros
produtos são desenvolvidos pela Europa e Estados Unidos que tentam levar a
necessidade desses produtos a outros países surgindo assim a “real democracia”.
Na década de 60, surgem os hippies que são totalmente contra
a cultura americana e é dentro dessa raiz que surge o movimento ambientalista. Embalados pelo sons de Hendrix, Joplin e Dylan, durante três dias, estavam eles no maior dos
festivais, em Woodstock, com o lema “Três Dias de Paz, Amor e Rock and
Roll”.
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Milhares de pessoas no Festival de Woodstock, embaladas pelo som como o do cantor Jimi Hendrix. |
O Brasil, à partir de Juscelino evolui urbanamente e
politicamente, muitos movimentos sociais e populistas são organizados e por
conta disso a burguesia se une e dá o golpe militar, culminando no chamado
“Anos de Chumbo” e na censura:
"Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção.
[...]
Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição:
De morrer pela pátria
E viver sem razão.
Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição:
De morrer pela pátria
E viver sem razão.
[...]"
Em 1962, a Primavera Silenciosa é o primeiro manifesto
ambiental do mundo; em 1972 surge a Conferência de Estocolmo e pela primeira vez a humanidade pensa nas
próximas gerações. A ONU cria leis de proteções ambientais, principalmente na
África, onde muitos europeus passavam suas férias caçando. No Brasil, a
Universidade Federal do Rio Grande do Sul cria o primeiro curso de
pós-graduação em ecologia.
Na década de 80, ocorre as Diretas Já e a ditadura chega ao
seu fim, o país volta a ter presidentes eleitos pelo povo, surge o Partido
Verde, ao mesmo tempo, surgem diversos problemas ambientais, entre eles o
acidente de Chernobyl, e incêndios em Cubatão. Neste mesmo período, surge a
AGAPAN e a S. O. S. Mata Atlântica com o fim de combater a construção de uma
usina nuclear que os militares haviam planejado na Juréia.
Em 1988 vem a Constituinte e Collor é eleito presidente
trazendo a globalização da mídia. Também surge Chico Mendes um sindicalista que
passa a ser visto como protetor do meio ambiente no mundo todo, ele defende a
extração sustentável da borracha e a comunidade ali presente e é contra a
derrubada das florestas para criação de gado, com isso, acaba criando
inimizades com “pessoas poderosas” e é assassinado.
Em 1990, surge a cultura da sustentabilidade, a Rio 92 e o
Tratado de Educação Ambiental que nasceu de um fórum global e até hoje, esse
tratado é utilizado na política do país.
Devido a esses
acontecimentos, não podemos falar em educação ambiental e nem em meio ambiente
sem incluir os aspectos políticos, econômicos, sociais, históricos e culturais.
Sugestões para outras informações:
- · Barão de Mauá;
- · Os descaminhos do Meio Ambiente;
- · Fundação Casa Grande.
Texto de Bruna Belletato Marques e Fernanda Barbosa Custódio.