Nós conhecemos o lugar em que
estamos? As respostas dadas pelo público do CLP nos mostraram muito sobre as
problemáticas do litoral. Como sempre os problemas com lixo, esgoto e
transporte figuram entre os mais presentes na vida das pessoas. Mas a pesquisa também
revelou outras problemáticas como a falta de espaços públicos para o lazer.
Estas questões ficavam mais evidentes quando moradores da região onde a
faculdade está instalada eram entrevistados, demonstrando que tais problemas
são bem presentes no entorno.
Um dos grupos fez uma
interessante pergunta ao público do campus: o que vocês sabem sobre o Parque
Estadual Xixová-Japuí? Com raras exceções as respostas se resumiam a algo
próximo de "é um parque...". Apesar da proximidade com o parque e com
o fato da unidade ter elaborado o plano de manejo do mesmo, fica evidente o
desconhecimento da unidade de conservação por parte de alunos, funcionários e
professores. Outra pergunta, a relação campus x entorno, quando feita à uma
funcionária moradora do bairro trouxe à tona a discussão sobre a extensão. A
verdade: não conhecemos o lugar em que estamos inseridos. E as pessoas também
não nos conhecem. Mas qual deve ser a relação da universidade com o entorno?
A constituição brasileira define
em seu artigo 207 que a extensão é uma das bases indissociáveis da universidade,
junto com a pesquisa e o ensino. A extensão é a grande ferramenta para realizar
a conexão entre a academia e o popular, numa via de duas mãos, onde ambos
adquirem conhecimento. Devemos estar atentos para que esta extensão seja feita
de forma associada, como nos coloca a constituição. Muitas vezes colocamos a
extensão fora do processo de formação do aluno, em um segundo plano em relação
às outras duas bases. Tendo grandes ou pequenos resultados, transformando
comunidades, bairros ou cidades a extensão é muito importante, mas será
suficiente? Será que antes de qualquer extensão não seria necessário conhecer o
público para qual ela é direcionada? Mais do que isso, não deveríamos
estabelecer um diálogo com a comunidade? Nem mesmo conhecemos o parque para o
qual desenvolvemos um trabalho, quanto mais o bairro em que estamos. Uma
extensão só será efetiva se o conhecimento transmitido à população for útil à
ela ou transformadora e atender as demandas sociais que ali existem. Podemos
continuar fechando os olhos, mas o Mundo vai continuar onde está.
Silas Principe
Silas Principe