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quinta-feira, 31 de março de 2011

Europeus fornecem a mais exata imagem da gravidade na Terrra


UBLICIDADE


Dados enviados por satélite à ESA (Agência Espacial Europeia), durante dois anos, possibilitaram o estudo preciso da gravidade do planeta Terra de uma forma inédita.
Os cientistas agora detêm um dos mais exatos modelos geoide (forma verdadeira do nosso planeta, que não é totalmente arredondado) do lugar onde vivemos.
ESA/HPF/DLR
Cientistas agora detêm um dos mais exatos modelos do planeta Terra, que não é totalmente arrendondado
Cientistas agora detêm um dos mais exatos modelos do planeta Terra, que não é totalmente arrendondado
A imagem foi divulgada nesta quarta-feira durante uma conferência em Munique (Alemanha) --para ver uma versão animada, acesse aqui.
O geoide é uma superfície projetada apenas se considerando sua gravidade, sem a ação de marés e correntes oceânicas.
O modelo serve como referência para medir a movimentação dos oceanos, a mudança do nível do mar e a dinâmica do gelo, o que pode abrir precedente para entender com maior profundidade as mudanças climáticas.
Além desses dados oceanográficos, também servirá para estudo da estrutura interna do planeta como, por exemplo, os processos que levam à formação de terremotos de grande magnitutude como o que atingiu o Japão em 11 de março.
Do espaço, é praticamente impossível para os satélites observarem a dinâmica dos tremores visto que o movimento das placas tectônicas ocorrem abaixo do nível dos oceanos.
Contudo, explica a ESA em seu site, os tremores costumam deixar um "rastro" na gravidade do planeta, o que pode ajudar no estudo do mecanismo de um terremoto e na sua detecção prévia.

terça-feira, 29 de março de 2011

domingo, 27 de março de 2011

27/03/2011 - 10h10

Pré-sal inflaciona preços dos imóveis em Santos


AGNALDO BRITO
CAROLINA MATOS
MOACYR LOPES JÚNIOR
DE SÃO PAULO
"Vendo 15 apartamentos e subo a tabela. Vendo 15 e subo a tabela! Nem ponha aí, mas tem um projeto que nem lancei e já vendi 30", diz Roberto Luiz Barroso Filho, sócio da Engeplus, tradicional construtora santista.
O impulso no mercado santista tem feito o método de reajuste de Barroso Filho virar norma entre as construtoras da cidade, até porque o custo para erguer os prédios (do terreno à mão de obra) segue a escalada.
Base da Petrobras para o comando do pré-sal na bacia de Santos e destino de US$ 6 bilhões em investimentos para expansão do maior porto do país, a cidade entrou no rol dos municípios com valorização imobiliária que beira a irracionalidade.
Em três anos, o preço de venda do metro quadrado do terreno duplicou, alcançando níveis entre R$ 5.000 e R$ 6.000. Uma área no Valongo -onde a Petrobras vai montar seu QG- agora vale fortunas.
O valor de venda do metro quadrado construído não fica atrás: alta de 100% em três anos. Mas ninguém aposta, por enquanto, que essa corrida esteja inflando uma bolha. É demanda, e firme.
"Não há bolha. Há muita demanda. Essa situação vai perdurar. Santos absorve ainda muitos lançamentos", diz Ricardo Stella, diretor comercial da Trisul. A empresa, que chegou a Santos em 2007, já ergueu dois prédios residenciais -um popular e outro para o público de classe alta. Este na Ponta da Praia, próximo à balsa e à entrada do canal do porto.
A meta da Trisul é lançar mais dois imóveis, um na região noroeste, menos nobre, e outro no bairro Embaré, com 56 unidades.
Moacyr Lopes Júnior/Folhapress
Operário trabalha na construção de prédio em Santos, litoral sul de SP; mercado descarta bolha imobiliária
Operário trabalha na construção de prédio em Santos, litoral sul de SP; mercado descarta bolha imobiliária
Essa corrida produz efeitos. A oferta de terrenos vagos cessou. A solução dos incorporadores tem sido negociar a compra de residências para transformar as áreas em endereços de novos espigões. O método de negociação conduz a uma situação inevitável: comprar terreno agora leva tempo.
"A negociação não é mais com um único dono. Às vezes, é preciso tratar com dez famílias, o que complica muito", diz Ricardo Stella, diretor da Trisul.
LIMITES
A cidade ruma para os limites da ocupação do território. A situação geográfica é um problema.
A maior parte de Santos fica no continente, onde 90% da área tem exigência de preservação ou de conservação ambiental e não pode ser ocupada.
Na ilha, há um último espaço onde ainda existem terrenos disponíveis: a zona noroeste. Um projeto do poder público -governos municipal, estadual e federal, em parceria com o Banco Mundial- para revitalização transformou a região em novo alvo das construtoras. É o derradeiro.

Orla de Bertioga pode ter prédios maiores

Baixada Santista

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Segunda-feira, 21 de março de 2011 - 06h17
Espigões em Bertioga

Orla de Bertioga pode ter prédios maiores

Bruno Guedes

Créditos: Paulo Freitas
A orla de Bertioga ainda tem muito terreno baldio e espaço para o avanço da construção imobiliária

A Prefeitura de Bertioga apresentará nos próximos meses uma proposta de revisão do Plano Diretor. E a mudança permite a construção de prédios com gabarito máximo de 30 andares. A legislação atual limita a altura dos edifícios entre 6 e 10 pavimentos na faixa da praia. 
>>> Você é a favor da construção de prédios altos nessa região? Vote na enquete
O Município quer também flexibilizar outras regras que hoje restringem o crescimento vertical com o intuito de estimular edificações mais altas. Entre elas está a taxa de ocupação do terreno, atualmente de apenas 25% (dificultando prédios altos), e os recuos, que devem ser reduzidos. O Ministério Público adianta que deverá abrir inquérito civil para acompanhar o processo de revisão do Plano Diretor. 

A orla da Enseada sofrerá o maior impacto, pois é caracterizada justamente pela pouca quantidade de prédios e por grandes extensões de terrenos ainda baldios. Por isso, ainda há locais para construir. A Riviera de São Lourenço tem suas regras próprias (é possível erguer prédios de cinco a 10 pavimentos) e não sofrerá influência das novas regras. 

A Praia de Itaguaré está dentro da unidade de conservação criada no ano passado pelo Estado, onde não é possível edificar. Já Guaratuba, estará sujeita à verticalização em apenas dois trechos, em um total de 1,3 dos 6 quilômetros da extensão. 

A intenção da Administração Municipal, com uma lei mais permissiva, é adensar mais a região da praia, devido à limitação de espaços passíveis de construção em Bertioga, ampliar a arrecadação e fomentar a construção civil. "As regras atuais são muito restritivas", argumenta Roberto Costa, diretor de Licenciamento e Fiscalização da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos. "Vamos permitir uma maior ocupação nos locais onde a rede de esgoto já está chegando, como a Enseada". 

Ele afirma que a proposta da Prefeitura consiste em aumentar o gabarito, de 6 a 10 pavimentos, para 20 andares na faixa da orla, com a possibilidade de aplicação da outorga onerosa para a ampliação em mais 10 pavimentos. A outorga onerosa é um instrumento do Estatuto da Cidade que permite ao construtor erguer edificações acima do limite máximo, mediante pagamento de um valor para a Prefeitura. 

Cidades que usam este instrumento revertem o dinheiro da outorga para habitação popular ou em infraestrutura urbana. Bertioga deverá optar pelo investimento na urbanização, diz Costa. "Nossa ideia é aplicar os instrumentos do Estatuto da Cidade, porque atualmente não utilizamos". 

Costa acredita que a verticalização do Município não acarretará em prejuízo à qualidade de vida da população, mas promoverá, fatalmente, uma valorização da orla. "E isso é bom. Haverá mais gente ocupando os locais nobres, de forma mais democrática. Com certeza, haverá lugar na Cidade para classes de menor poder aquisitivo, mas não na orla", diz o diretor de Licenciamento e Fiscalização.

 

Plano Diretor pode permitir a construção de prédios maiores

A Prefeitura vai contratar uma empresa de assessoria técnica para elaborar a proposta para o Plano Diretor, que norteará o desenvolvimento da Cidade na década. A proposta de revisão do Plano Diretor foi delineada no âmbito da Secretaria de Meio Ambiente nos últimos dois anos. 

Neste período, segundo o secretário Rogério Leite dos Santos, foi modificada devido a novos instrumentos de planejamento que foram sendo criados, como o Plano Municipal de Habitação de Interesse Social e a criação do Parque Estadual da Restinga (em Itaguaré). Mas as discussões com a sociedade, em audiências públicas, serão coordenadas pela Secretaria de Habitação, Planejamento e Desenvolvimento Urbano de Bertioga. 

Zoneamento

A lei atual é de 1998 e divide Bertioga em zonas. Nas turísticas, que receberão as maiores transformações com a revisão, o gabarito varia entre 6 e 10 pavimentos e o terreno deve ter, no mínimo, de 2 a 5 mil m2, dependendo do local. Nas zonas residenciais e mista, na parte intermediária (até a Rodovia Rio-Santos), é possível erguer edificações de até três andares. Há ainda duas faixas às margens da rodovia, de suporte urbano, em que é possível construir prédios de até 15 pavimentos. Nesta parte do território estão reservadas edificações de suporte ao comércio e conjuntos habitacionais populares.

Municípios vão pra sala de aula aprender a preservar a floresta



Os 43 municípios da Amazônia que ganharam o título de maiores desmatadores do bioma, na região denominada Arco Verde, estão integrados em sala de aula, para contribuírem com a mudança dessa realidade. As prefeituras encaminharam funcionários para estudar instrumentos da legislação que ajudam na preservação e recuperação das florestas.
Os participantes – RO, RR, AM, PA, MT e MA – são instruídos a trabalhar com instrumentos como conselhos, fundos e planos municipais, que apresentam soluções para a conservação ambiental. Também aprendem a formular projetos a serem financiados pelo Fundo Nacional de Meio Ambiente (órgão do MMA) e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
São 220 participantes e cada município encaminha dois servidores e tem o direito ainda a dois representantes da sociedade civil. Participam também dos cursos cinco representantes de órgãos estaduais e 10 de escritórios regionais do Governo Federal.
O FNMA investiu R$ 4,6 milhões para tornar possível a realização dos cursos em sete municípios-polo, onde são realizadas aulas presenciais de 10 semanas, num total de 200 horas. Depois, as teorias são experimentadas na prática, por meio de assistência técnica oferecida em todos os 43 municípios. A iniciativa do MMA tem a parceria do Ministério da Defesa e da Casa Civil da Presidência da República.
“A repercussão da capacitação é grande. Por exemplo, saímos de um curso em Confrea (MT), que resultou numa agenda para a mobilização de 6 mil famílias assentadas, que deverão iniciar a regularização de suas propriedades”, relata Ana Beatriz de Oliveira, diretora do FNMA. Com a recuperação de áreas verdes e regularização dos imóveis, os proprietários podem livrar o seu município da lista dos maiores desmatadores. O interesse é grande, pois o título é um enorme obstáculo para acesso a linhas de crédito para a produção.
O FNMA foi criado pela Lei 7.797, em julho de 1989, como agente financiador para implementar a Política Nacional de Meio Ambiente, por meio de participação social. Tem cerca de 1.400 projetos socioambientais apoiados com R$ 230 milhões, em todas as regiões do País. (Fonte: Cristina Ávila/ MMA)

terça-feira, 15 de março de 2011

Lobby da indústria nuclear no Brasil é violento, diz ex-diretor de Angra

País


Portal TerraDayanne Sousa
SÃO PAULO - O medo de um grande acidente nuclear que hoje vive o Japão deveria desestimular projetos de construção de usinas nucleares no Brasil, opina o professor Joaquim Francisco de Carvalho. Ele, que já foi um dos diretores da empresa responsável pelas usinas de Angra 1, 2 e 3 (antiga Nuclen, hoje chamada de Eletronuclear), acredita que o Brasil não precisa correr tamanho risco e revela: "Há um lobby violentíssimo da indústria nuclear".
"As empresas em países mais desenvolvidos investem muito em lobby", diz. Para aliviar o custo deles, eles empurram para cima da gente", critica Carvalho, que também chegou a atuar como coordenador do setor industrial do Ministério do Planejamento. Ex-defensor da energia nuclear, tornou-se crítico. "Saí por isso mesmo, não concordava com essas coisas".
O Japão vive o temor de um vazamento nuclear de grandes proporções depois que o terremoto no país afetou o sistema de refrigeração de três dos seis reatores de Fukushima, ao norte de Tóquio. Nesta segunda-feira, a Marinha dos Estados Unidos confirmou que detectou vazamento de radiação no local, embora tenha afirmado em comunicado que os níveis eram baixos.
Carvalho, hoje aposentado e professor da Universidade de São Paulo, calcula que apenas sistemas hidrelétricos, eólicos e térmicos seriam suficientes para gerar energia para a população brasileira até 2040. Até lá, os brasileiros deverão somar 215 milhões de habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A Eletronuclear se antecipou nesta segunda e declarou que as usinas de Angra têm barreiras de aço para proteger contra terremotos. Qualquer usina é projetada dessa forma, rebate o especialista. Ainda assim, os acidentes acontecem porque "não há obra completamente segura". "Correr esse risco quando não se precisa é burrice", conclui.
Leia a entrevista.
 O senhor acha que o acidente no Japão vai comprometer investimentos em projetos para energia nuclear, como os que o Brasil tem pendentes?
Joaquim Francisco de Carvalho - O Brasil simplesmente não precisa correr o risco de usar usinas nucleares para gerar energia elétrica. O Japão infelizmente correu o risco e aconteceu esse terremoto horrível. Mas eles não tinham alternativas. A França também não tem alternativas e corre um risco grande se houver um acidente nuclear. A Alemanha tem consciência disso e a chanceler Angela Merkel suspendeu o plano que estendia o prazo de vida de usinas nucleares no país. Isso porque a Alemanha não tem os recursos hidrelétricos que o Brasil tem. Está investindo pesadamente em energias alternativas.
Quais são as opções alternativas?
O potencial eólico no Brasil é muito grande. E não é aproveitado. Ele pode ser interligado à geração hidráulica de forma que não exista o problema que existe em outros países, de uma geração intermitente. E ainda contribui para quando há seca.
O acidente muda um pouco a ideia de que a energia nuclear possa ser vista como energia limpa, não?
Sem dúvida, não é assim. Eu ainda estou muito abalado com isso que aconteceu no Japão, mas eles correram o risco.
No Japão, três reatores superaqueceram. Esse é um risco sabido?
Nenhuma obra é perfeita. É um risco pequeno, mas é um risco. E se não há necessidade, não há porque correr esse risco. O Japão fez essa opção porque precisava, não tem reservas de petróleo nem potencial hidrelétrico, nem nada.
Mas esse é o principal perigo?
Há muitos riscos, não dá para dizer qual é o maior, o principal problema mesmo é que acidente nuclear não é que nem acidente aéreo. Se um avião cair, é uma tragédia para aquelas famílias, mas a tragédia não passa do local e do momento da queda. Num acidente nuclear, pode ser que não morram muitas pessoas na hora, mas as consequências duram por anos. É uma tristeza. É um desespero total. E um acidente nuclear pode se espalhar por um continente inteiro.
O Brasil trabalha na instalação da usina nuclear de Angra 3 e tem ainda a proposta de construção de uma usina nuclear no Nordeste, entre Pernambuco e Bahia.
Não é necessário. Isso é porque há um lobby violentíssimo da indústria nuclear. As empresas em países mais desenvolvidos investem muito em lobby, porque energia nuclear é muito caro. Então, para aliviar o custo deles, eles empurram para cima da gente.
Estamos comprando a ideia?
Estamos comprando. É como a história do bonde. O caipira nunca tinha visto um bonde, só andava a cavalo, e achou uma maravilha quando viu. O carioca muito malandro se aproveitou. Vendeu o bonde pra o caipira levar pra roça. Nós estamos comprando o bonde. Correr o risco das nucleares quando não se precisa é uma burrice.
A Alemanha, por exemplo, celebrou acordo com o Brasil para construção de usinas em Angra. É um dos países que faz esse lobby?
A Alemanha ainda tem consciência. Pior são os Estados Unidos. Eles são contra as hidrelétricas no Brasil, não aceitam que um país como o Brasil avance numa área diferente.
Tags: industria, lobby, nuclear

quarta-feira, 2 de março de 2011

Padrões de desenvolvimento e meio ambiente


Marcio Pochmann*
Marcio Pochmann é presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
O tema da sustentabilidade ambiental ganha maior dimensão e profundidade quando relacionado ao padrão de desenvolvimento, especialmente no momento presente de transição da sociedade urbano-industrial. Antes disso, em plena sociedade agrária, seja pela dimensão da população global abaixo de um bilhão de pessoas, seja pelo padrão de desenvolvimento, o meio ambiente não acusava impactos climáticos significativos frente à baixa concentração de dióxido de carbono na atmosfera e à estabilidade na temperatura global.
No sistema de produção e consumo generalizado globalmente pelo modelo estadunidense, especialmente a partir da Segunda Guerra Mundial, a oferta de energia não-renovável cresceu rapidamente, com forte impacto na elevação da temperatura do planeta. Assim, mediante a forte elevação da renda per capita a partir da passagem para a sociedade urbano-industrial, aumentou a intensidade da emissão de carbono na atmosfera, cuja concentração cresce de 275 ppm antes do ciclo de industrialização para cerca de 400 ppm atualmente. No caso da concentração de gás metano, que girava em torno de 720 a 780 ppb entre os anos 1000 e 1800, passou para 1.750 ppb no ano 2000. A consequência direta foi o movimento de aquecimento global.
Atualmente, a transição para a sociedade pós-industrial em curso, sobretudo nos países desenvolvidos, permite avançar significativamente as economias com produção intensiva em baixo carbono. Assim, as nações ricas passam a assumir a condição de economias de consumo de mercadorias intensivas em alto carbono, geralmente importadas dos países não desenvolvidos. Nesse sentido, está em marcha uma divisão internacional entre economias de alto e de baixo carbono, sendo que os países não desenvolvidos, cada vez que se industrializam, tornam-se economias intensivas na produção de mercadorias de alto carbono. A diferença ainda é elevada, porém, se reduz rapidamente. Nos Estados Unidos, por exemplo, as emissões de dióxido de carbono per capita aumentaram 11% entre 1990 e 2005, pois passaram de 19,1 para 21,2 toneladas por habitante. Em países como China, Índia e Brasil, o crescimento acumulado no mesmo período de tempo para emissão de dióxido de carbono por habitante foi de 87,7% (de 2,1 para 3,9 tn), 88,9% (de 0,9 para 1,9 tn) e 5,6% (de 1,8 para 1,9 tn), respectivamente.
A expansão econômica na sociedade urbano-industrial pressupõe a inexorável ampliação do consumo de energia, pois do contrário pode haver estagnação econômica combinada com a regressão social. Assim, nota-se que o padrão de desenvolvimento capitalista tem implicado elevação mais intensa da renda per capita que os países não desenvolvidos. Até o presente momento, em geral, o aumento da renda individual traz consigo a maior expansão do consumo de energia por pessoa. Ademais, constata-se também que a composição da energia no mundo encontra-se fortemente associada ao carvão (41%) e ao gás (20%). Carvão, gás e petróleo respondem conjuntamente por quase 70% da oferta mundial de energia.
Nos países da OCDE, a matriz energética encontra-se em quase 2/3 dependente do carvão, gás e petróleo. A diferença em relação ao mundo como um todo é a maior oferta de energia nuclear. A experiência brasileira recente chama atenção por se diferenciar de outros países não desenvolvidos que elevam a produção de mercadorias com mais intensificação das emissões de dióxido de carbono. A maior expansão econômica recente do Brasil não vem acompanhada da degradação ambiental, sobretudo do desflorestamento e de emissões de dióxido de carbono. De um lado, há avanços em termos da matriz energética limpa, com forte presença de fontes renováveis e redução do desmatamento e elevação das reservas ambientais. De outro, a substituição da energia não-renovável por renováveis em setores econômicos fortemente emissores de dióxido de carbono, como o de transporte e indústria. A maior parte da oferta energética é constituída por fontes renováveis, principalmente decorrentes do uso da água, que respondem por 77% da oferta de energia do país. Enquanto no mundo as fontes renováveis de energia respondem por somente 13% da oferta energética, no Brasil ela se aproxima dos 50%.
Para além de possuir uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, o Brasil vem substituindo fontes agressivas ao meio ambiente por outras renováveis. Em 2005, o carvão vegetal e a lenha responderam por menos de 12% da oferta energética do País, enquanto em 1970 representavam quase 50% da oferta de energia nacional. Na sequência da redução da lenha e carvão na matriz energética nacional houve elevação da oferta de energia elétrica, bagaço da cana-de-açúcar e do álcool etílico. Mesmo assim, cresceu a importância relativa do uso do carvão mineral, gás natural e derivados de petróleo. Em grande medida, o aumento no uso dos derivados do petróleo encontra-se relacionado à opção do transporte rodoviário em oposição às ferrovias e ao uso fluvial. Entre 1970 e 2005, por exemplo, cerca de 55% do consumo final de derivados de petróleo deveu-se ao transporte, pois a indústria reduziu a sua participação relativa de 24,1% para 13,8%, sem ampliação por parte das residências (de 7,2% para 6,8%).
Nos dias de hoje, o consumo nacional de elementos tóxicos à camada de ozônio representa não mais que 5% do verificado durante a década de 1990. Até há bem pouco tempo, o comportamento econômico brasileiro era acompanhado pelo movimento de desmatamento no bioma amazônico. De tal forma que a expansão da produtividade implicava o aumento do desmatamento na Amazônia Legal e vice-versa. Desde 2004, contudo, a expansão econômica brasileira tem sido seguida pela redução do desmatamento no bioma amazônico.
* Marcio Pochmann é presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e colunista da Revista Fórum. Este artigo foi publicado originalmente na edição 88 da Revista Fórum.
(Instituto Akatu)