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sexta-feira, 24 de junho de 2011

licenciamento do Rodoanel-Trecho Norte, num atentado à democracia participativa

Caros ambientalistas e militantes da cidadania ambiental: estamos sendo atropelados pelo licenciamento do Rodoanel-Trecho Norte, num atentado à democracia participativa.



Vejamos: 



1 – Foi marcada reunião extraordinária do Consema-Conselho Estadual do Meio Ambiente de São Paulo para o dia 28 de junho, para apreciar o EIA-RIMA do Rodoanel-Trecho Norte.



2 - O pedido de urgência ocorreu na reunião ordinária do dia 21. Ora, como um empreendimento deste porte pode ser submetido a tal trâmite, de forma sumaríssima?



3 - O parecer e a convocatória para a reunião extraordinária para o dia 28 entraram no site da Secretaria em 21 de junho, terça-feira, provavelmente no final do expediente, já que a decisão ocorreu no período da manhã.



4 - Estamos em feriado prolongado de Corpus Cristi. Assim, quem não teve notícia da pauta nem leu na quarta o parecer da CETESB, viajou, etc., provavelmente só terá acesso à convocatória e ao parecer da CETESB na segunda, dia 27 – véspera da votação pelo Consema, que ocorrerá na terça, dia 28.



5 - Trata-se de um empreendimento complexo para avaliação técnica - e altamente impactante, já que atravessa o Cinturão Verde da Reserva da Biosfera e reloca milhares de famílias. Que conselheiro responsável votaria este projeto de forma açodada e sem o devido grau de informação?



6 - De outro lado, há de se considerar  que o tramite sumaríssimo tem fortes indícios de manipulação. Fui informado extra-oficialmente, há mais de 20 dias, que haveria uma reunião extraordinária do Consema para apreciar o Eia-Rima do Rodoanel. Então pergunto: se há 20 dias divulgava-se internamente na secretaria esta possibilidade, por que o parecer da CETESB sobre o EIA-RIMA Rodoanel-Trecho Norte não foi disponibilizado no site da secretaria e aos conselheiros com a convocatória do dia 21, assim como fizeram para empreendimentos menores, tais como:

5. Súmula do Parecer Técnico/CETESB/001/11/IE sobre o empreendimento “Ampliação de Parque Industrial e Expansão de Áreas Agrícolas”, de responsabilidade da Usina Açucareira São Manoel S/A, em São Manuel (Proc. 16/2009), para eventual avocação;
6. Súmula do Parecer Técnico/CETESB/002/11/IPSR sobre o empreendimento “Obras de Implantação do Aterro Sanitário para Recebimento de Resíduos Sólidos Domiciliares Classe IIA”, de responsabilidade da Prefeitura Municipal de S. Carlos, em São Carlos (Proc. SMA 2.219/2008), para eventual avocação.



7 – Então, por que a convocatória do dia 21 não pautou a convocação do EIA-RIMA do Rodoanel-Trecho Norte? Por que não foi dada publicidade ao parecer da CETESB na convocação da reunião do Consema do dia 21? Há fortíssimos indícios de mau uso do regimento do Consema, e se isso estiver de fato ocorrendo, estamos diante da vergonhosa manipulação daquele conselho.  



Não estamos mais na ditadura e a democracia é uma questão de princípios. Assim, não há de se falar de que tudo está sendo feito na forma regimental. Não é o caso. No mínimo está sendo feito na pior forma regimental, forma ardilosa que suprime princípios do Direito à Informação e Gestão Participativa. 



Inadmissível ver o Conselho Estadual do Meio Ambiente do Estado de São Paulo rebaixado à má prática da votação noturna e sigilosa das câmaras municipais de longínquos rincões, na votação antiética da madrugada, da escuridão -pequenez que assola nosso país em locais onde não há possibilidade mínima de transparência e controle social. Inadmissível que tais fatos assolem e manchem a imagem do sistema de meio ambiente do Estado de São Paulo, pioneiro que foi - e um exemplo para o Brasil!



Há de se considerar ainda que o Consema está sendo lançado nessa situação após perder instrumentos de controle social e conquistas para o pleno exercício da democracia. Hoje um conselheiro do Consema de São Paulo não pode exercer direito ao pedido de vistas, o que é imprescindível, pois possibilita a retirada de pauta das matérias encaminhadas de forma intempestiva e açodada, para melhor avaliação. 



Nada mais justo que o conselheiro peça vistas, insatisfeito com os dados apresentados, diante de fatos novos, ao considerar insuficiente o tempo para avaliação ou a falta de informações para formar juízo de valor.  Mas para conseguir vistas no Consema, nosso herói tem que convencer metade mais um do conselho de que ele tem dúvidas! Parece quase inacreditável, mas o Consema chegou a tal retrocesso com uma alteração de regimento enfiada goela abaixo no ano passado.



Na situação presente, de engessamento e perda de direitos sociais, os conselheiros do Consema ficaram reduzidos à condição regimental de abster-se ou votar contrariamente ao projeto. Mas vejamos: apenas votar contra ou abster-se garante, no Consema de São Paulo,  a proteção contra danos ambientais para a sociedade envolvida e a comunidade atingida - ou leva a um resultado positivo na avaliação de impacto ambiental? Não! Pois não há possibilidade nenhuma de que o voto contrário venha a reverter o processo, pois estamos falando aqui de um projeto de governo, onde metade do plenário é governo e o Secretário de Estado, que preside o Consema, possui voto de Minerva para desempate. Além disso, o Rodoanel-Trecho Norte não só é um projeto de governo, mas é também avaliado pelo governo (parecer CETESB), submetido um conselho com maioria de governo SEM DISPOSITIVOS DE CONTROLE SOCIAL (Consema), onde a implementação das condicionantes ambientais serão avaliadas pelo Governo (CETESB, com a emissão das licenças Prévia-LP, de Instalação-LI e de Operação-LO).



Então tem que haver alternativa recursal. Mas qual? Como apelar, supletivamente? Como conseguir o “desaforamento”? Não há instância recursal prevista, pois o CONAMA-Conselho Nacional do Meio Ambiente, não tem essa função. A perda da isonomia hoje detectada nos remete a um desafio institucional quase insoluvel. Há vontade política do IBAMA para agir de forma concorrente no licenciamento? 



Inexoravelmente estaremos lançados na subjetividade da judicialização, comprovando diante da justiça a insuficiência do instrumento de avaliação de impacto, fato já contraposto no Counter-Rima enviado ao agente financiador – Banco Interamericano de Desenvolvimento-BID;  mau uso do regimento, açodamento, falta de informação e – minimamente – a manipulação do Conselho e dos Conselheiros, estes certamente sem nível aceitável de informação para exercer seu voto. A OAB Santana oficiou aos conselheiros para que  apresentem seus pareceres, diante da responsabilidade civil e criminal que possa advir da aprovação. Associações de moradores alertam para a responsabilização legal dos agentes públicos e também dos conselheiros. A situação é, do ponto de vista político, institucional e legal, extremamente delicada. O Consema encontra-se num momento ímpar de sua trajetória, em franca descendência, sob intensa observação pela sociedade. Está em cheque. E para a sociedade, diante dessas mazelas de mal funcionamento e insuficiência dos instrumentos de gestão, resta comprovar que tais fatos representam, em seu conjunto, vício insanável - não só na possibilidade criteriosa de avaliação técnico-ambiental, mas também nos procedimento adotados.



É preciso refletir sobre as motivações de erros óbvios, em especial de alternativa locacional, que ocorrem nos EIA-RIMA. Foi retirada do Consema a prerrogativa de solicitar avocação para Câmara Técnica e Audiência Pública na fase de Termo de Referência de EIA-RIMA. Este é um momento e elemento importantíssimo. Até dois anos atrás, quando o empreendedor apresentava o escopo do projeto`a Secretaria, antes de se formatar a espinha dorsal do estudo, submetia-se esta visão preliminar ao conselho. Na Câmara Técnica correspondente, eram possíveis contribuições sobre a alternativa locacional – que no presente caso é o traçado, além de sugestão de melhores metodologias e quesitos que deveriam ser contemplados na avaliação de impacto. Hoje o empreendedor dialoga no balcão de licenciamento, apenas com a Secretaria. No caso do Rodoanel, a Secretaria de Transportes dialoga com a Secretaria do Meio Ambiente, sem nenhuma participação da sociedade atingida ou interessada. 



No caso do Rodoanel, há sérias dúvidas sobre o EIA-RIMA, levantadas pelo Conselho da Reserva da Biosfera. Há dúvidas do Instituto Florestal e 70 discrepâncias apontadas pela Secretaria do Verde de São Paulo. Há um contundente contra-rima solicitado pelo Coletivo de Entidades e enviado ao agente financiador. O Ministério Público tem procedimentos instaurados contra a segmentação do traçado. está de posse do Contra-Rima e deverá se manifestar em defesa do patrimônio ambiental e da comunidade. Há inúmeras manifestações de comunidades atingidas, ricos e pobres. Há ainda o destino da metrópole, as ilhas de calor, os serviços essenciais e biodiversidade da inestimável floresta da Cantareira.



Para piorar as coisas, a representação ambientalista no Consema, setor não governamental historicamente mais independente e combativo, encontra-se hoje sub judice, por ter sido empossada uma bancada eleita dentre um cadastro chapa-branca. O processo tramita na justiça, colocando em risco todas as decisões do Consema que forem tomadas, passíveis de nulidade desde o final de 2010. 



A apreciação do Rodoanel, nos moldes em que se dá, representa um iceberg para um Consema-Titanic. Mas não estamos na escuridão da madrugada gelada do Atlântico Norte, mas sim na amena manhã de inverno de São Paulo do dia 28 de junho de 2011, iluminada pela Constituição Brasileira, que estabelece os Princípios Constitucionais da Democracia, Direito à Informação, Transparência, Gestão Participativa, Eficiência do Poder Público e Precaução. Porisso não considero que estamos diante do naufrágio do “ cérebro” do sistema de meio ambiente paulista, em que pese sua alienação democrática e deficiente condução. Surgem neste momento elementos que trazem à tona uma profunda crise de insuficiência democrática, revelando um conjunto de perda de conquistas sociais, representatividade, legitimidade, falta de isonomia e de eficiência governamental. Isso está sendo apontado por um número de atores sociais expressivo e especialistas de peso.



Neste processo, enfrentaremos os algozes da condução antidemocrática, ardilosa e “regimental”. Deixo aqui meu profundo protesto e repúdio diante dos fatos, pois minha experiência em conselhos permite-me, a contragosto, perceber os passos da patifaria dos ardis autoritários travestidos de democracia, em conjuntura institucional extremamente pantanosa.



Temos que tratar prioritáriamente deste tema e propor as intervenções necessárias na reunião do Coletivo de Entidades do Estado de São Paulo, que ocorrerá na segunda, dia 27, às 18h30, na rua Abolição, 167, Bela Vista (perto da Câmara Municipal de São Paulo). Segue abaixo a convocatória do Coletivo.



O Consema se reunirá na terça-feira, 28 de junho, às 9hs.



Rodoanel-Trecho Norte no Consema - é reagir ou reagir!



Um forte abraço!



Carlos Bocuhy

PROAM-Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental

Conselheiro do CONAMA-Conselho Nacional do Meio Ambiente







Coletivo das Entidades Ambientalistas cadastradas junto ao

Conselho Estadual do Meio Ambiente - CONSEMA/SP

II Congresso Nacional de Educação Ambiental Aplicado a Gestão Territorial

http://hydros-roraima.net/iicongresso.htm

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Bicicleta movida a hidrogênio é testada em Curitiba

17/06/2011 - 07h00


Dimitri do Valle
Especial para o UOL Ciência e Saúde
Em Curitiba

Bicicleta movida a hidrogênio é testada em Curitiba

Foto 4 de 4 - Uma bicicleta movida a motor a hidrogênio está sendo testada em Curitiba como alternativa de mobilidade urbana livre de poluição Divulgação UTFPR
Uma bicicleta movida com um motor a hidrogênio está sendo testada em Curitiba como alternativa de mobilidade urbana e de combate à poluição.
De autoria do engenheiro eletricista Giovani Gaspar, o projeto entrou em fase de testes de rua há pouco mais de um mês e pode desenvolver uma velocidade máxima de até 35 km/h e sem emissão de poluentes.
"Nos testes que fiz a bicicleta chegou a 70 km/h, mas por questão de segurança o motor tem um dispositivo que limita a velocidade a 35 km/h", disse Gaspar ao UOL Notícias.
Com um cilindro de hidrogênio instalado no quadro de ferro da bicicleta para alimentar o pequeno motor instalado na garupa, o veículo tem autonomia para fazer um percurso entre 60 a 80 quilômetros.
O autor da ideia conta que já iniciou estudos para criar um estacionamento público equipado com uma fonte de abastecimento gratuito para o ciclista. Ele irá captar energia solar e água da chuva para produzir o hidrogênio por meio da eletrólise, reação que gera o hidrogênio.
Assim, o engenheiro diz que quer viabilizar um projeto público de mobilidade urbana para grandes cidades e massificar o uso da bicicleta de hidrogênio até a Copa do Mundo de 2014.
A ideia surgiu quando Gaspar participou de congressos no Japão e na Itália sobre ações urbanas para melhorar a mobilidade e qualidade de vida das pessoas em grandes centros urbanos.
O projeto da bicicleta ecológica também faz parte de tese de mestrado em mecânica feita pelo engenheiro na UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná).
A bicicleta foi incorporada a outras invenções da UTFPR, como dois protót ipos de carros elétricos. O professor Eloy Casagrande, que coordena o projeto "Escritório Verde" para desenvolver iniciativas de sustentabilidade para a universidade, diz que os protótipos do carro e da bicicleta já têm condições de serem produzidos em escala a partir do ano que vem. 

segunda-feira, 13 de junho de 2011

1° festa nazionale slow food a pedaso


La condotta Slow Food di San Benedetto del Tronto – Valdaso
in collaborazione con la Condotta del Fermano
Vi invitano
alla Prima FESTA NAZIONALE di SLOW FOOD ITALIA unendoci all’iniziativa Valdaso in Festa (il programma dettagliato delle iniziative previste lo trovate nella comunicazione allegata) .
Saremo all’interno degli spazi dell’Associazione Valdaso a Pedaso, presso il porticciolo il giorno 18 giugno dalle 18.00.
vi aspettiamo
Alessia&Ugo
I PERCHÈ DELLA FESTA
Scopo principale dell’iniziativa è farci conoscere, ovvero raccontare al maggior numero di persone possibile chi siamo, cosa facciamo, perché consideriamo il cibo il primo motore del cambiamento e crediamo nell’economia locale e nella forza di essere una rete, attraverso la quale è possibile condividere conoscenze, idee e comportamenti quotidiani virtuosi. Tante persone conoscono Slow Food, poche sanno veramente chi siamo e che cosa facciamo.
La giornata del 18 giugno deve servire per dire che siamo un’Associazione, e la linfa di ogni associazione è la sua capacità di fare e tenersi stretti i soci.

Vi segnaliamo inoltre alcune novità importanti:
Tessera Slow Food “ANNIVERSARIO” – 25€
Il Consiglio Nazionale autorizza le Condotte a iscrivere i nuovi soci, fatti i occasione della Festa Nazionale del 18 giugno, con questa edizione speciale della Tessera Rete di Terra Madre con le regole e caratteristiche previste dalla campagna associativa.
La tessera dà diritto a:
• una copia cartacea della rivista Slowfood 50 (consegnata all’atto dell’iscrizione)
• abbonamento a 4 numeri della rivista Slowfood in formato elettronico
• l’Almanacco internazionale di Slow Food in formato elettronico
• la newletter (via email) di slowfood.it
• lo sconto sull’acquisto di libri e gadget
• lo sconto sulle iniziative nazionali e locali
• la possibilità di partecipare agli eventi riservati ai soci
Per ogni socio Slow Food “ANNIVERSARIO” regolarmente iscritto verranno riconosciuti alla Condotta 3€.
La tessera socio Giovane (10€) dovrà essere promossa in modo particolare in questa giornata cercando di avvicinare il più possibile gli under 30.
La tessera Slow Food “ANNIVERSARIO” potrà essere sottoscritta esclusivamente dai nuovi soci (per i rinnovi si potranno utilizzare le normali veline), con apposita velina che verrà inclusa nel kit della Festa.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Unidades de conservação podem render cerca de R$ 6 bilhões por ano

 

A implementação efetiva das unidades de conservação e o aproveitamento do potencial econômico dessas áreas – que cobrem cerca de 15% do território do país – podem gerar pelo menos R$ 5,77 bilhões por ano, considerando um cenário conservador.
O cálculo é do estudo Contribuição das Unidades de Conservação (UCs) para a Economia Nacional, coordenado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado nesta terça-feira (7).
A conta considera o potencial econômico de cinco bens e serviços proporcionados pelas unidades de conservação: produtos florestais, uso público das áreas – principalmente para o turismo –, estoque de carbono conservado, água e repartição de receitas tributárias, baseada no modelo de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) Ecológico já adotado por alguns estados.
“A conservação deve ser vista como um setor da economia do país. O estudo pode permitir o planejamento de investimentos em conservação de maneira mais assertiva”, sugeriu o biólogo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Rodrigo Medeiros, um dos coordenadores técnicos do estudo.
A exploração sustentável de madeira em florestas nacionais na Amazônia, por meio de concessão pública, poderia gerar anualmente entre R$ 1,2 bilhão e R$ 2,2 bilhões aos cofres públicos. “Esse valor já ultrapassa o R$ 1 bilhão necessários para bancar a gestão das 800 unidades de conservação do país”, comparou o economista Carlos Eduardo Young, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que também coordenou o estudo.
A extração de borracha e castanha poderia render mais R$ 52 milhões por ano, segundo os pesquisadores, considerando apenas parte das reservas extrativistas onde os produtos são explorados.
Para avaliar o potencial econômico do uso público das UCs, os pesquisadores consideraram principalmente as estimativas de aumento da exploração turística de 67 parques nacionais e o potencial multiplicador do turismo nas economias locais. “O Brasil tem potencial para gerar entre R$ 1,6 bilhão e R$ 1,8 bilhão por ano, considerando as estimativas de fluxo de turistas projetadas para o país até 2016, ano das Olimpíadas”, diz o estudo. Em 2016, a renda movimentada pelo turismo nos parques pode chegar a R$ 2,2 bilhões.
Já o cálculo do potencial econômico do carbono estocado com a preservação das florestas em unidades de conservação considera que a criação dessas áreas evitou a emissão de pelo menos 2,8 bilhões de toneladas de carbono na atmosfera. Esses créditos renderiam por ano, segundo os pesquisadores, entre R$ 2,9 bilhões e R$ 5,8 bilhões.
Para fechar a conta, o estudo aponta que estados que ainda não têm legislação de ICMS Ecológico poderiam arrecadar até R$ 14,9 milhões com a adoção do mecanismo, que compensa os municípios pela existência de UCs em seus territórios.
“Temos a comprovação de que floresta é solução, e não problema, do ponto de vista da compensação financeira. Fazer a conservação de áreas florestais é uma forma de ativar a economia, por isso é preciso dar uma valor monetário à preservação”, disse Young.
Para o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Bráulio Dias, a possibilidade de calcular o potencial econômico de unidades de conservação pode ajudar a garantir investimentos para a implementação efetiva e a gestão correta dessas áreas. “Tradicionalmente os custos com conservação são vistos como gastos e não como oportunidades. Muitos setores assumem que a contribuição dos investimentos em conservação tem impacto zero na economia, e isso nos derrota em discussões como a do Código Florestal”, afirmou.
Dias reconheceu que a implementação e gestão das UCs é ineficiente e disse que o cenário só mudará quando a conservação deixar de ser tratada como uma questão secundária. “Os recursos estão aquém do tamanho da tarefa porque a sociedade e o governo não enxergam a contribuição dessas áreas para o desenvolvimento do país, encaram como uma questão marginal. Estamos falando de uma área significativa do território e damos atenção mínima a essas áreas”, disse.
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação recebe cerca de R$ 450 milhões por ano, metade do mínimo necessário para a gestão e o funcionamento básico das unidades. Além desse custeio mínimo, os pesquisadores calculam em R$ 1,8 bilhão o aporte necessário em infraestrutura e planejamento para que o potencial econômico das UCs seja aproveitado ao máximo. (Fonte: Luana Lourenço/ Agência Brasil)

Usinas solares no Marrocos deverão fornecer 15% da energia da Europa


Le Monde
Pierre Le Hir
Enviado especial a Ain Beni Mathar, Oujda (Marrocos)
  • A usina termossolar de Ain Beni Mathar fornece hoje 13% do consumo elétrico do Marrocos
    A usina termossolar de Ain Beni Mathar fornece hoje 13% do consumo elétrico do Marrocos
No meio de um deserto de terra pedregosa surge, como um oásis, um imenso complexo de metal e vidro, escaldado pelo Sol: a usina termossolar de Ain Beni Mathar. Um concentrado de tecnologias nesta região do nordeste do Marrocos, que por muito tempo permaneceu à parte do desenvolvimento do país.
Alinhadas sobre 88 hectares, 62 fileiras de 300 metros de concentradores solares focalizam a luz sobre tubos de óleo calorífero, levado a quase 400 graus Celsius. O calor é transferido para um circuito de água, para aumentar o rendimento de uma turbina a vapor acionada pela combustão de gás natural. O Sol contribui com 20 megawatts (MW) para a potência de 472 MW dessa unidade híbrida, uma das primeiras do tipo no mundo.
Construída e operada pela empresa espanhola Abengoa, a instalação foi inaugurada em maio de 2010. “Ela fornece hoje 13% do consumo elétrico do país”, diz um engenheiro. “E permitiu a criação de 60 empregos diretos e de 200 empregos indiretos, 90% dos quais são ocupados por marroquinos”. A usina de Ain Beni Mathar é a ilustração das novas metas energéticas estabelecidas pelo Marrocos, preocupado em explorar melhor seus recursos renováveis. A começar pelo Sol e pelo vento, do qual ele dispõe em abundância.
Ao mesmo tempo, o país quer servir de “cabeça de ponte” para o projeto europeu Desertec, que visa fornecer ao Velho Continente 15% de sua eletricidade a partir de usinas solares e eólicas espalhadas pelo Saara. Tendo, como corolário, o projeto Medgrid (ex-Transgreen), que deve realizar a interconexão elétrica entre as duas margens do Mediterrâneo. “Nosso potencial é considerável”, explica a ministra das Minas, Energias, Água e Meio Ambiente, Amina Benkhadra. “Podemos ao mesmo tempo atender nossa demanda energética e permitir à Europa que atinja sua meta de 20% de energia renovável . Todos saem ganhando”.
O reino acaba de ser escolhido pelo consórcio Desertec para a construção de uma primeira usina solar de 500 MW, cuja maior parte da produção será exportada para a Alemanha.
Quase 50 mil empregos
Longe de serem somente uma moda, essas tecnologias verdes, no centro do Congresso da Energia que ocorreu no dia 31 de maio em Oujda, sob a presidência do rei Mohammed 6º, respondem a uma necessidade econômica e política. O reino, quase totalmente desprovido de jazidas fósseis, importa 97% de sua energia.
Para o gás natural, ele recebe royalties em espécie sobre a passagem do gasoduto Magreb-Europa, mas ele compra da Arábia Saudita e do Iraque seu petróleo, cuja conta pesa nas contas públicas. A questão é “garantir nosso abastecimento”, afirma Benkhadra. Mais ainda pelo fato de que a demanda será três vezes maior daqui a vinte anos.
Então um ambicioso programa solar foi lançado. Até o final da década serão construídas, em cinco pontos, enormes usinas termossolares (com um componente fotovoltaico), com uma potência total de 2.000 MW. A primeira, com capacidade de 500 MW, deve entrar em funcionamento em 2015 em Ouarzazate.
Quatro consórcios administrados por empresas espanholas, italianas, sauditas e egípcias, foram selecionados para a primeira fase. As empresas francesas, afirma a ministra, não atenderam às exigências da licitação, que incluía capacidades de armazenamento de energia.
Um parque eólico, também de 2.0000 MW, será espalhado por todo o território. Em 2020, a energia solar, a eólica, mas também a hidráulica deverão representar , cada uma com um terço, 42% da potência elétrica instalada, cobrindo 25% da demanda em eletricidade do país.
Essa grande obra tem um custo: mais de 6 bilhões de euros para a energia solar, quase 2,5 bilhões para a eólica. O arranjo financeiro requer muitos investimentos estrangeiros, uma vez que as empresas aceitas custearão a construção das instalações, cujos kilowatts-hora serão revendidos para a Agência Nacional de Eletricidade marroquina, com tarifas garantidas por 25 anos.
“Esses projetos devem exercer um papel estrutural para as regiões, contribuindo para seu desenvolvimento industrial e técnico”, ressalta Mustapha Bakkoury, presidente da Agência Marroquina de Energia Solar. São esperados quase 50 mil novos empregos qualificados, na área de energia.
O Marrocos também tem feito contatos bilaterais com a França, a Espanha, a Itália e Portugal, pela União para o Mediterrâneo e seu Plano Solar. No início de maio, o ministro francês da Indústria, Eric Besson, anunciou que uma experiência-piloto de exportação de eletricidade do Marrocos para a França – por meio da linha submarina de 1.400 MW que liga o Marrocos e a Espanha - , será conduzida no outono de 2011.
Uma forma de testar, no plano não somente técnico, mas também jurídico e diplomático, o futuro mercado transmediterrâneo dos elétrons verdes.
Tradução: Lana Lim