Pesquisar este blog

domingo, 7 de abril de 2013

Cenário ou Cena?



Cenário ou Cena?


Paisagem da Juréia, SP.

A paisagem que observamos é viva? 
É cenário? 
É relação? 
Embora carregada de subjetividade, há uma objetividade no termo paisagem, conferido por suas partes componentes e suas relações. Afinal, todo todo é composto por partes. Mas quais seriam as partes que compõem a paisagem?

O fato é que sempre observamos com os nossos próprios olhos, tudo depende de quem observa. Portugueses e Holandeses, por exemplo, enxergaram o Brasil de formas diferentes. Enquanto o interesse português era direcionado às riquezas naturais que poderiam ser transformadas, os holandeses enxergaram-nas de outra forma, observaram o belo e o retrataram. Ora, a paisagem era a mesma. Mas era diferente a visão (e suas consequências).

Costão Rochoso da Praia de Itaguá, Bertioga, SP.
A paisagem nada mais é do que uma parcela de espaço que possui particularidades e é separada de outras por fronteiras (biofísicas e/ou antrópicas). Neste conceito considera-se a existência humana e suas interferências, impactos positivos e negativos, e todas as demais relações entre seus componentes. Dessa forma, a paisagem não é estática. Mas é ela que está em movimento ou o movimento ocorre nela?

A paisagem possui uma dinâmica complexa e é função da Educação Ambiental levar à sociedade essa concepção. Afinal, todos compartilhamos paisagens coletivamente e socialmente, entretanto, o grupo que a manipula é restrito. Quem toma as decisões a respeito das modificações das paisagens? Será que essas visam melhorias sociais? Interesses econômicos? Políticos? Visam o desenvolvimento? Que noção de desenvolvimento temos? Há uma unanimidade a respeito? O que pensamos?

Mata Atlântica, Serra do Mar, SP.
O poder de intervenção na paisagem (e no ambiente de forma geral) está relacionado ao poder aquisitivo uma vez que estamos inseridos em um sistema capitalista financeiro. Ou seja, aqueles detentores de maior poder social possuem, ou julgam possuir, mais poder sobre o ambiente biofísico e social.

O ser humano interage com a paisagem de forma social e cultural. A valoração do espaço natural se construiu historicamente junto a crise ambiental – o famoso “perder para dar valor”. Àqueles que têm acesso, o cenário natural confere a confirmação de poder, o status, sobre os demais indivíduos da sociedade, que não têm. Basta observar o público que mora nos prédios de frente para a praia e o que vive na parte mais poluída do estuário.

Entretanto, o que observamos hoje, na sociedade do espetáculo, é o personagem natureza, pensado e elaborado com fins de torná-la mercantilizada.

O ser humano é hiperespecializado em sê-lo, como seria possível entendermos o todo?
Seria possível adaptar nossos olhos?


Costão e trecho de praia, Praia do Forte, Salvador, BA.

Carolina de Campos

Nenhum comentário:

Postar um comentário