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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Ano após ano as mesmas desculpas, as mesmas ações

 Ano após ano, observamos e ouvimos as mesmas desculpas e as mesmas explicações para o problema das inundações em São Paulo.

 O volume de precipitação, o lixo jogado pela população e a impermeabilização das ruas são as principais causas apontadas por políticos e jornalistas.

  Um volume imenso de recursos tem sido gastos com obras de engenharia, tais como a canalização de córregos, a construção de "piscinões" e  para o aprofundamento da calha do Rio Tietê.

  O discurso corrente esconde uma das principais causas do problema que ocorre no interior da bacia do alto Tietê: o desmatamento das bordas das bacias, dos morros e vertentes, e a retilinização de córregos. Claro que os outros motivos anualmente apontados, como a impermeabilização dos solos, a ocupação das várzeas e o entupimento da rede de drenagem, por lixo e sedimentos agravam a situação.

  Eis que as bordas da bacia sedimentar do alto Tietê é formada por morros e vertentes compostos de solos argilosos e profundos, desenvolvidos em função de uma estabilidade ecodinâmica ( Tricardt, 1977) que outrora era garantida pela cobertura vegetal.

  Na medida em que se desestabilizaram  esses solos, pela retirada da cobertura vegetal, esses passaram a ser erodidos e carreados para dentro dos córregos, tributários do Tietê, que canalizados perderam seus meandros e rugosidades que continham a velocidade das águas, e portanto, aumentou-se o poder de transporte de sedimentos.

  Basta observar a coloração das águas após as chuvas: cor de barro ( ferro oxidado), argila que foi retirada e carreada para dentro dos córregos e esses transportaram com força, os sedimentos para dentro do Tietê que anualmente é dragado, para se retirar milhões de toneladas de sedimentos ( contaminados) e depositados sabe lá onde.

  O mesmo ocorre com os piscinões que sem a devida manutenção perdem a capacidade de reservar as águas, pois ficam assoreados com os sedimentos que deveriam ser contidos por cobertura vegetal.

  Entretanto não há qualquer tipo de ação de reflorestamento de vertentes, de topos de morro, de matas ciliares que poderiam reter os sedimentos e diminuir a velocidade das águas.

  Também são tímidas e impopulares as ações de renaturalização de córregos ( processo caro, mas já recorrente em países mais ricos), pois esses, ao invés de se tornarem mercadoria urbana, retornariam a sua condição de espaços públicos.

 
Chega de discurso repetitivo, chega de enganar a população, chega de gastos com obras que isoladas não resolvem nada.

 

 Davis Gruber Sansolo

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