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sábado, 6 de novembro de 2010

Acordo da BIODIVERSIDADE

JC e-mail 4128, de 01 de Novembro de 2010.


Após 18 anos negociando, eles assinam o Protocolo de Nagoya,  
considerado maior pacto ambiental desde Kyoto. Novo tratado garante a  
soberania dos países sobre os seus recursos genéticos; Brasil é visto  
como grande vitorioso

Representantes de quase 200 países chegaram a um acordo na última  
sexta-feira, em Nagoya (Japão), e assinaram um tratado sobre a  
biodiversidade.



As nações concordaram em reconhecer o direito dos países sobre a sua  
biodiversidade. Isso significa que países que desejarem explorar a  
diversidade natural (como plantas, animais ou micro-organismos) em  
territórios que não sejam seus terão de pedir autorização para as  
nações donas dos recursos.



Se estudo da fauna e da flora alheia resultar em novos produtos, como  
fármacos ou cosméticos, os lucros terão de ser repartidos entre quem  
os desenvolveu e o país de origem do recurso, conforme contrato prévio.



Se houver comunidades que utilizem os recursos genéticos  
tradicionalmente, como tribos indígenas, elas também terão direito de  
receber royalties pela exploração comercial da biodiversidade.



Os diplomatas chamam esses pontos de ABS, uma sigla em inglês para  
"acesso e repartição de benefícios".



Vitória brasileira



As negociações para estabelecer esses pontos sobre o acesso aos  
recursos genéticos levaram quase 20 anos. Desde a Eco-92, no Rio de  
Janeiro, temas ligados à biopirataria são discutidos, e os países  
ricos relutavam em assinar um pacto que garantisse a soberania dos  
países sobre a sua biodiversidade.



Por isso, o acordo realizado agora, na COP-10 (10ª Conferência das  
Partes da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica), em Nagoya,  
foi visto como uma grande vitória brasileira, país dono da maior  
biodiversidade do mundo e protagonista nas negociações no Japão.



A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, chefe da delegação  
brasileira, disse estar satisfeita. É realmente uma vitória. Estou  
certa que temos um novo arranjo para a conservação biológica. Para nós  
é bom, finalmente avançamos, mas não é excelente.



Ela diz isso porque algumas posições brasileiras, como o efeito  
retroativo para direitos sobre a biodiversidade (haveria royalties por  
substâncias já desenvolvidas e comercializadas, por exemplo), não  
estão no acordo.



A ministra defendeu, porém, que algum acordo é melhor do que nenhum  
acordo. É necessário entender que precisamos de conciliação, senão não  
há resultados.



Ela diz que o sucesso de Nagoya, com um consenso entre centenas de  
países, pode servir de exemplo para as negociações do clima, que  
seguem em Cancún, em dezembro. Sou uma mulher pragmática e otimista.



Não foi só Teixeira que saiu de Nagoya sorrindo. O clima entre os  
representantes de todos os países era de comemoração pelo acordo, que  
parecia distante conforme as negociações avançavam pela madrugada de  
sexta para sábado no Japão.



Não é só um protocolo chato. Ele se refere a bilhões de dólares da  
indústria farmacêutica, disse Tove Ryding, do Greenpeace.



Se Kyoto entrou para história como o lugar onde o acordo do clima  
nasceu, em 1997, Nagoya terá destino similar, diz Ahmed Djoghlaf,  
secretário-executivo da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica  
(CBD), responsável pela conferência. Além do protocolo sobre a  
biodiversidade, várias metas de aumento na quantidade de terras e  
áreas marítimas preservadas foram estabelecidas.



A única ausência notável foi a dos Estados Unidos, que nunca  
participaram da CBD.

(Ricardo Mioto)

(Folha de SP, 30/10)

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