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sexta-feira, 9 de março de 2012

Ilusão x Conhecimento


Na aula de hoje, ministrada pelo Professor Davis, discutimos o capítulo 1 do livro Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro, de Edgar Morin, intitulado As Cegueiras Do Conhecimento: O Erro E A Ilusão. Na abertura do capítulo, Morin afirma que Todo conhecimento comporta o risco do erro e da ilusão, porém o significado de risco não está atrelado a um problema para o conhecimento, erro e ilusão fazem parte de sua construção.

Foi citado como exemplo o filme Este Mundo É Dos Loucos (Phillippe de Broca, 1966), onde, numa situação de guerra permaneceram na cidade apenas oshabitantesde um manicômio que negam-se à partir, pois agora que estão sozinhos, em suas “realidades” aquele lugar é ideal, ali não há a crueldade de um mundo que vive em guerra, enfim, estão felizes por viverem em suas ilusões. Na nossa PERCEPÇÃO do mundo, a loucura/ilusão sempre está nos outros, e nos esquecemos que tanto erro como ilusão não se reconhecem como tais, não têm consciência de si, não sabemos distinguir o que é realidade e o que é ilusão.

O filme passado em aula, Onde Sonham As Formigas Verdes (Werner Herzog, 1984) demonstrou essas diferentes formas de percepção do mundo. A história se passa na Austrália, onde uma grande mineradora à procura de urânio acaba encontrando dificuldades para continuar seu trabalho pela oposição de uma tribo de aborígenes que consideram essa terra sagrada, pois ali sonham as formigas verdes. É difícil para um mundo que vive numa incessante busca por “progresso” entender razões desse tipo, os valores são muito diferentes, a companhia faz ofertas de dinheiro e posses mas nada disso tem valor ou faz sentido para aquela tribo, no entanto, o geólogo responsável pelo projeto, possui uma sensibilidade maior e através do convívio e de conversas com esses aborígenes acaba, depois de muitos conflitos internos sobre conhecimento x ilusão, entendendo as razões daquela tribo e querendo fazer parte dela, pois, segundo ele mesmo, a humanidade perdeu-se calculando a velocidade do distanciamento das galáxias mais distantes no universo. O conflito deste geólogo dá-se, referindo-se a um termo citado em aula estabelecido por Milton Santos, na PSICOSFERA, reino das ideias, crenças, paixões e lugar da produção de um sentido, que faz parte das nossas vidas fornecendo regras à nossa racionalidade. Ou seja, a AFETIVIDADE também faz parte da construção do conhecimento, e não somente a razão. Temos que levar em conta diversos elementos e dimensões.




Na nossa IMPRESSÃO esta imagem está em movimento, mas trata-se apenas da nossa forma de compreender essa verdade, que leva em conta nossa subjetividade em diversas dimensões sociais, afetivas, racionais, psíquicas, biológicas. A construção do conhecimento deve ser levada a esferas globais, que reúnam características capazes de nos permitir alcançar a PERCEPÇÃO DA TOTALIDADE.

Amanda Gerotto

9 comentários:

  1. Aula muito interessante sobre a formação do conhecimento, utilizando o erro e ilusão como ferramenta nesse processo. O debate a respeito de como a língua difere da linguagem, bem como a lógica do pensamento estrutura a percepção do mundo, visto que esse pensamento é condicionado por aspectos sociais, culturais e econômicos foi bastante reflexivo. E o filme exibido complementou a temática da aula, exemplificando como a ilusão e a realidade são relativas e diferem a partir do ponto de vista analisado. Aproveito para parabenizar o texto!

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  2. Conceituar a ilusão pareceu impossivel no começo do debate, para mim, porém depois, com os inúmeros exemplos ficou mais fácil, uma vez que não podemos desvincular completamente ilusão de conhecimento, já que são apenas percepções diferentes de uma mesma temática. Para isso faz-se necessário também levarmos em conta o ponto de vista social e cultural de um povo, revelando as percepções.

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  3. Devemos levar também em consideração que, na visão dos aborígenes, a realidade e conhecimento de mundo dos mineradores é uma ilusão. Fica evidente esta ideia na passagem do filme na qual o geógrafo conversando com o aborígene questiona o universo e seus mistérios, para onde vamos, qual será a verdadeira realidade, e o aborígene responde que a sociedade não entende nada sobre o mundo e sua natureza. Para a sociedade que se consolidou de modo mais forte do que a comunidade aborígene torna-se muito mais fácil impor sua realidade, mesmo os interesses sendo meramente econômicos.

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  4. Os conceitos de "erro" e "ilusão" são universalmente tidos como ruins, em última instância, de menor qualidade que o acertivo e o real.

    Desta maneira é a intenção dos seres humanos buscar se livrar deles no seu processo de conhecimento, aprimorando a si próprio e alcançando objetivos que corresponderão as suas expectativas e não simplesmente serem escravos do desconhecido e aleatório.

    O conhecimento não é somente constituído de saber o que as coisas são, mas o que elas foram e irão ser. Dando aos humanos o poder da previsibilidade, o que tem utilidade para diversos fins.

    Nossa única garantia de que estamos certos acerca de um conhecimento é a repetição e a lógica. Não temos garantia alguma que a gravidade continuará a existir amanhã a não ser o fato dela ter existido sempre, para todos efeitos de observação.

    Observando várias repetições, podemos estabelecer logicamente, que situações parecidas ocorram com outros elementos.

    A certificação que os eventos se repetem de fato é ponto cabal para estabelecer verdades. Crer em eventos que não se repetem é um erro ou ilusão, já que é falso que aquilo vai acontecer.

    Desenvolver métodos que eliminem o erro a apuração das repetições é o único caminho seguro para o conhecimento.

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  5. É importante lembrar que o conhecimento tem um certo grau de subjetividade, pois dependendo dos costumes, da cultura, a 'ilusão' é considerada parte da realidade ou como um erro que altera o conhecimento científico. Assim, esperar um conhecimento puro, livre de erro e ilusão, não passa de uma nova ilusão.

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    1. Ah, e para quem não foi na aula:
      Para semana que vem temos que fazer um resumo com os respectivos grupos no qual correlacionamos tanto o texto quanto o filme lido/visto em sala.

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    2. Se pensarmos desse modo estaremos dizendo que ser subjetivo é conter erros de interpretação, porém a interpretação pode ser subjetiva e correta.

      O conhecimento não subjetivo, aquilo que a verdade é em sua essência independente do mundo e dos homens é a ciência procura.

      Embora seja difícil porque somos diferentes e medimos de formas diferentes, o que chamamos de subjetivo, isso não altera a natureza em sua essência e ela permanece do jeito que é.

      Esse estado natural real é impossível de se chegar sozinho, mas utilizando-se do maior número de mentes possível podemos chegar numa medida média, que é a real, e a que nos interessa, já que o que nenhum humano pode medir não nos interessa a priori.

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    3. O homem não faz uma leitura do mundo como de fato ele é. E sim, baseado em paradigmas pré-estabelecidos pela história, ideologia vigente, e crenças familiares. E estas condições limitam a possível amplitude do conhecimento complexo.
      E, antes de tudo, o homem não é um ser totalmente racional e livre, como foi mostrado por Freud e Marx, respectivamente, o homem é guiado pelo inconsciente, sem domínio nenhum sobre isso e guiado pela ideologia de uma classe dominante. A primeira traz ilusão ao conhecimento e a segunda o erro.
      Ideologia é construída sob paradigmas que levam ao erro na interpretação do mundo ao redor. E o inconsciente leva o homem a fazer escolhas não racionais.
      Antes de tudo, para ter o conhecimento complexo, o homem deve deixar de lado o ego e reconhecer que é suscetível à erros e que as idéias são suscetíveis a mudanças.

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