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sexta-feira, 16 de março de 2012

Quantos anos você tem?


— Quero dizer — disse ela — que ninguém pode fazer nada para não envelhecer.
— Uma pessoa não pode — retrucou Humpty Dumpty —, mas duas podem. Com a adequada assistência, você pode parar aos sete anos.
— LEWIS CARROLL, ALICE NO PAÍS DOS ESPELHOS

                Na aula de sexta-feira o professor propôs uma discussão sobre o texto “As cegueiras do conhecimento: O erro e a ilusão”, de Edgar Morin, este aborda um conceito um tanto inusitado sobre ilusão que foi o enfoque nas discussões. Diferente do conceito global de ilusão “engano dos sentidos ou da inteligência” (Dicionário Michaelis), o autor a nomeou como uma realidade incomprovada por meios empíricos no qual pode ou não cruzar com o irreal, além disso, ela não pode ser desprezada, por mais que no nosso entendimento pareça ilógico, isso ocorre, pois a ilusão e o erro citados pelo autor desencadeiam a aprendizagem, a criação do conhecimento. Como ilustração podemos lembrar do heliocentrismo que era considerado mera ilusão há alguns séculos, e em contraponto também a descoberta do DNA com 3 hélices que foi considerado no ramo científico, no entanto anos mais tarde foi dada como uma mera ilusão rejeitada pela ciência devido outras pesquisas, ou seja, os ideais estão em constante mudanças e com isso seu rótulo de ilusão.
                Para um entendimento mais concreto assistimos em aula o filme “Onde sonham as formigas verdes”, que mostra a ilusão a partir da percepção de cada indivíduo, de cada cultura. Nele a cultura dos aborígenes e suas crenças são parte da realidade naquele ambiente, sendo considerada uma ilusão pelo fato de não apresentar comprovamentos empíricos. A ilusão como também demonstra o filme, pode ser a precursora de um erro como no caso da personagem idosa que espera o seu cachorro que nunca irá voltar, suas emoções não permitiram pensar com clareza reproduzindo seu erro até o final do filme. Analisando por esse lado poderíamos pensar que o sentimento desvinculado da razão poderia trazer um conhecimento livre de ilusões e erros, porém muitas vezes é a partir desse sentimento que o conhecimento e a educação se formam.
         Outro ponto do filme que se correlaciona com o texto apresentado pelo professor, foi o fato de os homens brancos construírem um mercado em um lugar sagrado para os aborígenes, sem aceitarem as ilusões envolvidas exemplificando um erro intelectual, no qual o indivíduo “resiste a informação que não convém ou não consegue assimilar”. Esse tipo de atitude leva ao calar de muitos povos como ocorre na cena do julgamento, mostrando a morte de uma cultura. Percebe-se claramente nos homens brancos uma mente que se enfraqueceu, conceitos que se engessaram e horizontes que se definharam... destruindo o nascer de muitas ideias... E assim uma pergunta lhe resta: ninguém pode fazer nada para não envelhecer?


Michelle Corrêa de Araujo

Um comentário:

  1. Pegando a pergunta final como gancho, percebemos que há visões diferentes do q seja envelhecer, e a partir das visões que temos as "realidades" e as "ilusões".

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