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domingo, 5 de dezembro de 2010

Criar política ambiental integrada é desafio do governo Dilma, dizem analistas


O grande desafio do próximo governo no setor ambiental é criar uma política integrada, que possa abranger diversas áreas da gestão da presidente eleita Dilma Rousseff, na opinião de especialistas em meio ambiente, economia e relações internacionais.
Eles acreditam que a presidente eleita tem de aproveitar que chegou à mesa da área ambiental com mais fichas que outros jogadores – como Estados Unidos, China e União Europeia -, principalmente pelo fato de o Brasil ter conseguido reduzir o desmatamento e ter um crescimento menos dependente de combustíveis fósseis, por exemplo.
Os especialistas, no entanto, alertam para o risco de o país deixar passar essa boa rodada e não avançar para o grupo de nações que “se deram conta que questões ambientais não são um estorvo e que sustentabilidade não é apenas um termo bonito para se colocar em anúncios”.
A descrição é do professor do Instituto de Biologia da Unicamp, Thomas Lewinsohn, para quem a prioridade zero do novo governo deveria ser integrar efetivamente todas as suas ações ambientais e criar uma política que esteja presente em todo o planejamento.
Para ele, entrariam nessa política não apenas os ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura, mas também outros setores como Ciência e Tecnologia, Minas e Energia e Desenvolvimento.
“Esse é um grande desafio porque isso não ocorreu nos dois governos de Lula, onde o que havia eram posturas antagônicas dentro da mesma gestão”, afirma Lewinsohn, que também é presidente da Associação Brasileira de Ciência Ecológica e Conservação.
Para o professor da Unicamp, é preciso superar essas divisões. “Se não, fica como ocorre hoje, com um lado propondo e o outro bloqueando.”
“Trunfo” - Para o professor da Faculdade de Economia da USP e coordenador do Nesa (Núcleo de Economia Socioambiental), Ricardo Abramovay, o Brasil tem um grande trunfo nas mãos.
“Estamos em uma posição privilegiada se compararmos com a China, União Europeia, e Estados Unidos, porque não dependemos tanto dos combustíveis fósseis”, diz.
Segundo o professor, isso significa que as mudanças climáticas não representam um fator de estrangulamento no desenvolvimento do país.
Abramovay afirma que se a China, por exemplo, tivesse de reduzir suas emissões de gases que provocam o efeito estufa, o impacto seria muito maior do que se o Brasil precisasse fazer o mesmo.
No entanto, o professor lembra que a principal questão é saber aproveitar essa vantagem. Para ele, o país vem explorando de modo pouco inteligente seu potencial.
“O uso sustentável da biodiversidade nunca esteve na pauta do governo, não se incentivou a criação de cadeias produtivas, não se discute para valer o desmatamento zero.”
Impactos futuros – A representante do Pnuma (agência da ONU para o meio ambiente) no Brasil, Cristina Montenegro, lembra ainda outro fator que coloca o Brasil em uma posição mais favorável: a preparação do governo para a COP-15, em Copenhague, que ajudou a esclarecer as áreas ambientais prioritárias para o país.
“Mas se os problemas são bem conhecidos, o ponto-chave é resolvê-los de maneira integrada e com estratégias sólidas.”
Ela cita como exemplo a construção de uma nova hidrelétrica: “É preciso antecipar os impactos futuros das mudanças climáticas nesse local. Analisar se a área vai ser mais ou menos afetada, se há riscos para os recursos hídricos. Tudo em parceria com a gestão de resíduos e saneamento”.
O diretor da ONG Amigos da Terra, Roberto Smeraldi, concorda que o mais urgente é mudar a maneira de olhar os temas ambientais.
“Eles não são empecilhos, mas sim oportunidades de desenvolvimento. Se Dilma quer governar o país com a lógica do século 21, ela tem que perceber isso.” (Fonte: Folha.com)
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