— Quero dizer — disse ela — que ninguém pode fazer
nada para não envelhecer.
— Uma pessoa não pode — retrucou Humpty Dumpty —,
mas duas podem. Com a adequada assistência, você pode parar aos sete anos.
— LEWIS CARROLL, ALICE NO PAÍS DOS
ESPELHOS
Na aula
de sexta-feira o professor propôs uma discussão sobre o texto “As cegueiras do
conhecimento: O erro e a ilusão”, de Edgar Morin, este aborda um conceito um
tanto inusitado sobre ilusão que foi o enfoque nas discussões. Diferente do
conceito global de ilusão “engano dos sentidos ou da inteligência” (Dicionário
Michaelis), o autor a nomeou como uma realidade incomprovada por meios
empíricos no qual pode ou não cruzar com o irreal, além disso, ela não pode ser
desprezada, por mais que no nosso entendimento pareça ilógico, isso ocorre,
pois a ilusão e o erro citados pelo autor desencadeiam a aprendizagem, a
criação do conhecimento. Como ilustração podemos lembrar do heliocentrismo que
era considerado mera ilusão há alguns séculos, e em contraponto também a descoberta
do DNA com 3 hélices que foi considerado no ramo científico, no entanto anos
mais tarde foi dada como uma mera ilusão rejeitada pela ciência devido outras
pesquisas, ou seja, os ideais estão em constante mudanças e com isso seu rótulo
de ilusão.
Para um
entendimento mais concreto assistimos em aula o filme “Onde sonham as formigas
verdes”, que mostra a ilusão a partir da percepção de cada indivíduo, de cada
cultura. Nele a cultura dos aborígenes e suas crenças são parte da realidade
naquele ambiente, sendo considerada uma ilusão pelo fato de não apresentar
comprovamentos empíricos. A ilusão como também demonstra o filme, pode ser a
precursora de um erro como no caso da personagem idosa que espera o seu
cachorro que nunca irá voltar, suas emoções não permitiram pensar com clareza
reproduzindo seu erro até o final do filme. Analisando por esse lado poderíamos
pensar que o sentimento desvinculado da razão poderia trazer um conhecimento
livre de ilusões e erros, porém muitas vezes é a partir desse sentimento que o
conhecimento e a educação se formam.
Outro ponto do filme que
se correlaciona com o texto apresentado pelo professor, foi o fato de os homens
brancos construírem um mercado em um lugar sagrado para os aborígenes, sem
aceitarem as ilusões envolvidas exemplificando um erro intelectual, no qual o
indivíduo “resiste a informação que não convém ou não consegue assimilar”. Esse
tipo de atitude leva ao calar de muitos povos como ocorre na cena do
julgamento, mostrando a morte de uma cultura. Percebe-se claramente nos homens brancos uma mente
que se enfraqueceu, conceitos que se engessaram e horizontes que se definharam... destruindo o nascer de muitas ideias... E assim uma pergunta lhe resta: ninguém pode fazer nada para não envelhecer?
Michelle Corrêa de Araujo
Pegando a pergunta final como gancho, percebemos que há visões diferentes do q seja envelhecer, e a partir das visões que temos as "realidades" e as "ilusões".
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